quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Deus esquecido

Você pode pensar que chamar o Espírito Santo de “Deus esquecido” é passar um pouco da conta. Talvez concorde que a igreja tem concentrado atenção demais em outras coisas, mas considere um exagero dizer que nos temos esquecido do Espírito Santo. Não acho que seja assim.

Do meu ponto de vista, o Espírito Santo é tristemente negligenciado e, em todos os sentidos práticos, até mesmo esquecido. Ainda que nenhum cristão negue a existência dessa pessoa da Trindade, posso até apostar que há milhões de freqüentadores de igreja em todo o mundo incapazes de dizer, de maneira confiante, que experimentaram a presença ou a operação do Espírito Santo em sua vida nos últimos meses. E muitos deles não acreditam que possam senti-la.

Quando se trata de referência do sucesso nos cultos das igrejas, a importância da frequência superou a ação do Espírito Santo. O modelo de adoração baseado no “entretenimento” foi amplamente adotado nos anos 1980 e 1990. Embora contribua para nos libertar do tédio por mais ou menos duas horas por semana, esse modelo encheu nossas igrejas de consumidores preocupados apenas com eles mesmos, em vez de servos dispostos a qualquer sacrifício e em constante comunhão com o Espírito Santo.

Talvez estejamos muito familiarizados e à vontade com o atual estado da igreja e, por isso, não sintamos o peso do problema. Mas, e se você fosse criado em uma ilha deserta, sem nada além de uma Bíblia para ler? Imagine-se sendo resgatado depois de vinte anos e, em seguida, começando a freqüentar uma igreja cristã típica. Seriam grandes as chances de você ficar chocado com o que visse (por uma série de razões, mas essa é outra história).

Tendo lido as Escrituras fora do contexto cultural da igreja contemporânea, você se convenceria de que o Espírito Santo é um elemento essencial para a existência do cristão, assim como o ar é necessário para qualquer ser humano. Você saberia que o Espírito Santo orientou os primeiros cristãos a realizar coisas inexplicáveis, a viver uma vida que não fazia sentido para a cultura que os cercava e, em última análise, a divulgar a história da graça divina por todo o mundo.

Há um grande abismo entre o que lemos a respeito do Espírito Santo nas Escrituras e como os cristãos e as igrejas agem hoje em dia. Em muitas igrejas modernas, você ficaria espantado ao notar a aparente ausência do Espírito Santo. Ele não se manifesta de jeito nenhum. E esse é, em minha opinião, o ponto-chave do problema.

Se eu fosse Satanás e meu objetivo final fosse frustrar os propósitos de Deus e seu reino, uma de minhas principais estratégias seria levar os frequentadores de igrejas a ignorar o Espírito Santo. A intensidade como isso tem acontecido (e eu diria que se trata de um mal que se espalhou no Corpo de Cristo) está diretamente relacionada à insatisfação que a maioria das pessoas sente a respeito da igreja e dentro dela. Sentimos que está faltando alguma coisa muito importante. Essa sensação é tão forte que algumas pessoas se afastam completamente da igreja e da Palavra de Deus.

Acredito que essa coisa que falta é, na verdade, alguém — mais precisamente, o Espírito Santo. Sem ele, as pessoas tentam agir de acordo com as próprias forças, e só conseguem atingir resultados limitados à condição humana. O mundo não é movido por um amor ou por ações de origem humana. E sem o Espírito Santo, a igreja não é capaz de viver de um modo diferente de qualquer outro agrupamento de pessoas. No entanto, quando os cristãos passam a viver no poder do Espírito, a evidência na vida da igreja é algo sobrenatural. Ela não consegue deixar de ser diferente, e o mundo não consegue deixar de notar essa diferença.

Extraído do livro “O Deus esquecido
Autor: Francis Chan

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